terça-feira, 13 de setembro de 2016

Tradução de entrevista - Sinitsina & Katsalapov


A jornalista russa Olga Ermolina conduziu uma entrevista com o par russo composto por Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov. A entrevista foi originalmente disponibilizada em língua russa no sítio fsrussia.ru.


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P – Quais foram as maiores dificuldades que tiveram na preparação da temporada que se aproxima?

Nikita: A “preparação” começou com a minha operação ao ombro dois dias após os mundiais em Boston. Foi feita nos Estados Unidos. Foi falado que a reabilitação podia demorar entre 6 e 7 meses, talvez até mais, pois o problema não ocorreu na articulação mas sim no músculo que rasgou. Foi semelhante à lesão do Maxim Trankov e eu sei que ele demorou algum tempo a recuperar. Mas a cirurgia era necessária, daí termos decidido fazê-la imediatamente e deixar isto para trás. Foi bem sucedida. Até pude começar a treinar as figuras de elevação mais cedo que os médicos tinham previsto. Mesmo assim ainda me encontro sob observação. Foi-me recomendado que fizesse sessões de reabilitação, que eu vou fazer em Moscovo.

P – Durante todo esse tempo a Victoria treinou sozinha?

Victoria: Sim, eu treinava sozinha. O Nikita tratava da música, sentado junto das tabelas, com os seus auscultadores. Ele fazia isso só com um braço porque o ombro ainda estava dorido devido à cirurgia. Mas nós planeámos os programas, os novos elementos e, dentro do possível, eu tentei demonstrar coisas no gelo.

P – Nikita, quando é que voltaste ao gelo?

Nikita: A primeira dificuldade era atar os atacadores das minhas botas. Tudo o que me deixavam fazer inicialmente era patinar um pouco, trabalhar com os meus joelhos para que os músculos das pernas se habituassem. Eu comecei realmente a treinar no gelo apenas dois meses após a cirurgia. Os médicos avisaram-me para não cair pois isso levaria a uma nova cirurgia. Eu comecei a trabalhar a tempo inteiro no mês passado mas mesmo assim nós tivemos tempo suficiente para criar dois novos programas, que nós vamos mostrar nos testes. Durante o tempo em que eu não patinei, fizemos um enorme trabalho com os treinadores. Nós reunimos informação, trabalhámos nos programas, discutimos os detalhes. Eu estive presente em todas as sessões de treino. Então eu tinha uma ideia sobre como os novos programas iam parecer.

P – Quais são os programas? Quem escolheu a música?

Nikita: A Marina Zoueva trouxe-nos um trecho musical de Blues, da autoria de Ellingtone, para a primeira parte da nossa dança curta. Foi óbvio que esse estilo nos ia cair bem. A Marina também marcou isso. Nós gostámos dos blues. Depois começámos a procurar pela segunda parte – o swing. Eu pesquisei em todos os sítios possíveis e encontrei “if it ain’t got that swing” da Lady Gaga e do Tony Bennet. Nessa altura, eu aprendi a fazer os arranjos para a música, então nós testámos versões diferentes e acabámos com trecho desses músicos na nossa primeira parte. É uma composição muito gira.

P – E a dança livre?

Victoria: É um tango. Nós desejávamos isto há já algum tempo, queríamos ter patinado um tango na época passada. Eu adoro esse estilo. Nós achámos que estávamos prontos para tentar algo novo nesta temporada. Nós assistimos a imensos vídeos, recolhemos os movimentos, dançámos nós próprios, todo o Verão foi passado nos trabalhos preparativos. Quando começámos a trabalhar no programa foi muito mais fácil pois nós sabíamos o que tínhamos de fazer, como nos mexermos e fazer um tango real.

Nikita: A música é de trechos raros de Piazolla.

P – Uma vez que o Nikita tem de estar constantemente sob observação médica, os vossos planos mudaram?

Nikita: Depois dos testes nós vamos permanecer em Moscovo. Nós vamos prepararmo-nos para os nacionais aqui na Rússia para que eu possa passar pela reabilitação. Isso foi decidido em 05/09 com a Federação russa de patinagem.

Victoria: Nós vamos trabalhar em Moscovo com o Oleg Volkov, supervisionados pela nossa treinadora Marina Zoueva e os seus assistentes. Nós estamos sempre em contacto com a Marina via Skype e internet. Nós mandamos-lhe gravações de todos os nossos treinos, ela faz correcções e diz-nos em que é que nós temos de trabalhar.

Nikita: Nós conhecemos o Oleg Volkov há algum tempo. Eu costumava treinar sob as suas ordens quando patinava no grupo do Alexander Zhulin. Ele é um grande treinador de técnica. Acho que nós os três vamos encontrar uma linguagem comum.

P – O que é que mudou na vossa relação? Os da disciplina de pares dizem que é preciso três anos para se tornarem um verdadeiro par.

Nikita: É verdade. Eu compreendo a Victoria e ela compreende-me. Nós tentamos ver as coisas pelo melhor, gostar do trabalho, gostar do que fazemos.

Victoria: Juntos. Nós temos um objectivo em comum e é para aí que caminhamos.

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Esta entrevista foi concedida por Nikita e Victoria numa altura em que há diversos rumores em torno deles. Um dos factos que começou a levantar dúvidas foi o porquê de Victoria e Nikita estarem longe da sua treinadora principal nesta altura crucial da temporada. Uma coisa é a deslocação para os testes na Rússia pois isso é praticamente uma exigência feita aos principais patinadores russos em cada disciplina. Os patinadores têm de apresentar o seu trabalho de pré-temporada em frente de conceituados especialistas para que estes os avaliem e sugiram eventuais alterações ou concedam a sua aprovação. Só que Victoria e Nikita já confirmaram, tal como nesta entrevista, que se irão manter a treinar na Rússia pelo menos até Dezembro, altura dos campeonatos nacionais. Isso parece estranho visto que eles têm de participar no circuito do grande prémio e precisam da sua treinadora. Tem-se falado sobre a lesão de Nikita. É verdade que ele foi operado nos Estados Unidos e que durante vários meses seguiu um programa de reabilitação por lá. Em fóruns e redes sociais começou a questionar-se o porquê de ele não ficar a ser seguido pela mesma equipa de médicos e agora ter-se mudado para a Rússia usando o argumento da reabilitação. Entretanto surgiu uma informação na página da jornalista russa Elena Vaisekhovskaya em que a própria respondeu a um comentário dizendo que não há possibilidades deste par voltar para Marina Zoueva. No entanto não adiantou pormenores. Já recentemente o TSL confirmou que terá ocorrido um "incidente" em Canton e por isso é que Victoria e Nikita tiveram de voltar para a Rússia. Canton é o quartel-general do grupo de Marina Zoueva e é o sítio onde Victoria e Nikita sempre treinaram desde que se mudaram para os Estados Unidos. Ora, antes de viajarem para a Rússia, Victoria e Nikita foram vistos por diversas vezes (há vídeos) a treinar na pista de Ann Arbor em vez de Canton onde era suposto estarem. Nesse lapso de tempo os rumores dispararam sobre a natureza do "incidente" em Canton. Há quem diga que o "incidente" tem a ver com uma situação em que Nikita supostamente terá agredido Victoria fisicamente. Outros dizem que o incidente tem a ver com uma agressão ou tentativa de agressão a outra equipa que treina com Marina Zoueva e por isso eles foram castigados. A história de que Nikita teria agredido Victoria chegou a ser publicada num post (penso que no Twitter) mas entretanto o post e os respectivos comentários foram apagados. Normalmente a informação prestada pela TSL sobre histórias de bastidores é fiável mas também é verdade que há muita gente capaz de inventar coisas para prejudicar a reputação de atletas. Infelizmente, em situações passadas, algumas informações falsas foram prestadas por pessoas ligadas a equipas adversárias. Esta situação é complexa pois tratam-se de rumores graves e, além disso, Victoria e Nikita são namorados e já vivem juntos há algum tempo. Eu estava relutante em postar aqui algo relacionado com isto e acabei por fazê-lo depois de ver o post do TSL a confirmar a existência de um "incidente" em Canton. Seja como for, logo teremos oportunidade de saber se este par regressará ou não a Canton. Espero sinceramente que nada disto se confirme especialmente no que diz respeito à suposta agressão a Victoria.



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