quinta-feira, 8 de março de 2018

Jogos Olímpicos 2018 - Homens

Jogos Olímpicos 2018


PeyongChang 2018


Categoria de Homens


Da esq. para a dta.: Shoma Uno (prata), Yuzuru Hanyu (ouro) e Javier Fernandez (bronze)


O japonês Yuzuru Hanyu fez história para o seu país ao revalidar o título olímpico. Desde Dick Button (Estados Unidos), vencedor em 1948 e 1952, que nenhum patinador conseguia vencer dois títulos olímpicos consecutivos nesta categoria.
Yuzuru começou a sua caminhada vitoriosa com a conquista de 111.68pts no programa curto. No início da temporada, Hanyu já havia pontuado 112.72pts no programa curto. Foi na competição Autumn Classic do circuito Challenger Series. Portanto a sua nota em PeyongChang esteve muito próxima do seu melhor resultado da carreira, que corresponde ao recorde mundial em vigor. Os saltos resultaram lindamente neste programa patinado ao som de Chopin. O campeão apresentou um quádruplo salchow logo no início do esquema e esse elemento recebeu 13.21pts. O triplo axel (12.35pts) e a combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop (18.63pts) beneficiaram de pontuação bónus sobre o valor base devido ao facto de terem sido efectuados na segunda metade do programa. A sequência de passos foi classificada com o nível 4 que estabeleceu o valor base em 3.90pts, a que se somaram 2.10pts provenientes de graus de execução positivos. O peão flying camel e o peão em baixo com mudança de pé atingiram o nível 4 e receberam 4.20pts e 4.43pts respectivamente. O peão final foi o de combinação com mudança de pé que obteve 4.36pts. No entanto, o peão de combinação ficou-se pelo nível 3. De resto, os graus de execução foram fabulosos em todos os elementos. A nota técnica de partida foi de 49.01pts e foi melhorada para 63.18pts! Nos segmentos dos componentes as médias obtidas foram enormes: 9.71 na perícia, 9.43 nas transições, 9.86 na performance, 9.75 na composição e 9.75 na interpretação da música. Em termos de escala de cada juiz, Yuzuru arrecadou dez notas de 10.00! 

Yuzuru Hanyu - O Conquistador

Yuzuru terminou o programa livre na segunda posição com uma nota de 206.17pts. O programa teve como tema "Seimei" da banda sonora do filem "Onmyoji" e foi coreografado pela antiga patinadora canadiana Shae-Lynn Bourne. Yuzuru entrou cheio de força e arrasou com a apresentação de um quádruplo salchow (13.50pts), um quádruplo toeloop (13.30pts) e um triplo flip (6.90pts). A primeira parte do esquema foi encerrada com um peão com entrada saltada e em combinação com mudança de pé (4.50pts) de nível 4 e a sequência de passos de nível 3 que conquistou 4.73pts. Seguidamente foi a vez da combinação de quádruplo salchow+triplo toeloop (18.99pts), sendo que a juiz dos Estados Unidos decidiu marcar apenas com +1... A maioria do painel aplicou +3 no grau de execução. Apenas a juiz dos Estados Unidos foi dissonante. O sétimo elemento assinalou o primeiro erro significativo no esquema pois Yuzuru acabou por não conseguir realizar a combinação de saltos que tinha previsto fazer. O sétimo elemento fixou-se num quádruplo toeloop (7.93pts) com saída claramente deficiente e que foi punido com grau de execução negativo. Seguiu-se a combinação de triplo axel+loop simples+triplo salchow (16.88pts). Depois foi a vez do triplo loop que recebeu 6.81pts. O último salto do programa foi um triplo lutz (5.50pts) que teve uma recepção defeituosa e foi, em consequência, punido com grau de execução negativo. Ele avançou rapidamente para um peão em baixo e mudança de pé com entrada saltada que foi de nível 4 e obteve 3.93pts. A sequência coreográfica rendeu-lhe 4.00pts. Yuzuru terminou o programa com um peão de combinação com mudança de pé que foi classificado com o nível 4 e conseguiu 4.64pts. Nos segmentos dos componentes que compõem a segunda nota, Yuzuru ficou com médias de 9.71 na perícia, 9.50 nas transições, 9.64 na performance, 9.71 na composição e 9.75 na interpretação da música. A juiz dos Estados Unidos voltou a dar nas vistas nos segmentos dos componentes pois marcou notas abaixo dos seus colegas de painel. 
Apesar de não ter sido uma prestação isenta de erros no livre, no geral Hanyu foi sem dúvida o melhor desta competição. 

Vídeo do programa livre de Yuzuru

Vídeo dos bastidores em que Yuzuru Hanyu foi cumprimentado pela lendária treinadora russa Tatiana Tarasova


Shoma Uno é o novo vice-campeão olímpico. O patinador de 20 anos está há pouco tempo no escalão sénior e tem tido uma carreira recheada de êxitos, onde se inclui a medalha de prata nos mundiais 2017. 
Shoma ficou em terceiro lugar no programa curto com uma nota de 104.17pts. O primeiro elemento do esquema foi um quádruplo flip que tem um valor base de 12.30pts e que conseguiu recolher mais 1.43pts graças a graus de execução positivos. O segundo elemento foi um peão camel com entrada saltada que cumpriu os critérios exigidos para o nível 4 e obteve 4.13pts. Seguiu-se a sequência de passos de nível 3 que amealhou 4.37pts. Já na segunda metade do esquema, Shoma arriscou uma combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop (17.20pts) e um triplo axel (10.06pts). O painel de juízes dividiu-se um pouco quanto ao grau de execução a aplicar no triplo axel. O juiz chinês decidiu aplicar -1 enquanto o juiz espanhol marcou o elemento com 0. Tendo em conta a recepção do salto, eu penso que o grau 0 era o mais adequado. Mesmo assim o triplo axel obteve grau de execução positivo. O peão em baixo com mudança de pé (4.00pts) e o peão de combinação com mudança de pé (4.64pts) foram ambos de nível 4. As médias apuradas nos segmentos dos componentes fixaram-se em 9.29 na perícia, 9.00 nas transições, 9.25 na performance, 9.29 na composição e 9.21 na interpretação da música. Nas escalas individuais dos juízes, o juiz n.º 3 atribuiu-lhe duas notas de 10.00 (um na perícia e o outro na interpretação da música). O segmento das transições foi o mais "fraco" com três juízes a marcar 8.75 neste segmento. A mim parece-me que quanto às transições a nota de 8.75 era a mais correcta. No geral, o juiz espanhol Daniel Delfa foi o mais severo na forma como pontuou os elementos e os segmentos dos componentes. 

Shoma Uno - O príncipe da patinagem masculina


No programa livre, o jovem japonês terminou com 202.73pts que o colocou na terceira posição nessa fase da competição. O programa livre teve como tema principal um trecho da famosa obra "Turandot" de Puccini e foi coreografado por Mihoko Higuchi e Stephane Lambiel. A outra música em destaque no programa foi "Nessun Dorma" interpretado por José Carreras. Shoma começou o esquema com o pé esquerdo ao cair na recepção do quádruplo loop. O valor base do quádruplo loop é de 12.00pts mas foram-lhe retirados quatro pontos devido à aplicação de grau de execução negativo de -3 por parte de todos os juízes. Além do grau de execução negativo foi ainda aplicada uma dedução automática de um ponto por causa da queda. O quádruplo loop ficou com 8 pontos. De seguida, ele arriscou um quádruplo flip muito bom que arrecadou 13.87pts. O triplo loop obteve 6.30pts. Depois de três saltos, Shoma apresentou um peão camel com entrada saltada (4.13pts) e um peão de combinação com mudança de pé e entrada saltada (4.43pts) que cumpriram os requisitos do nível 4. O sexto elemento do programa foi uma bela sequência de passos de nível 3 e que recebeu 4.37pts. Seguiram-se cinco elementos de salto: um triplo axel (11.21pts), uma combinação de quádruplo toeloop+duplo toeloop (11.22pts), um quádruplo toeloop (12.62pts), uma combinação de triplo axel+loop simples+triplo flip (17.02pts) e uma combinação de triplo salchow+triplo toeloop (10.27pts). A combinação de quádruplo toeloop+duplo toeloop foi penalizada no grau de execução, tendo perdido 1.54pts do valor base, devido a uma recepção um pouco deficiente. A combinação de triplo axel+loop simples+triplo flip não só constitui um elemento dificílimo como ainda por cima resultou super bem com o assento da música. Os elementos finais foram a sequência coreográfica (3.50pts) e um peão de combinação com mudança de pé que atingiu o nível 3 e obteve 4.07pts. Quanto à segunda nota, as médias obtidas nos segmentos dos componentes foram as seguintes: 9.36 na perícia, 9.07 nas transições, 9.25 na performance, 9.32 na composição e 9.36 na interpretação da música. De salientar que o juiz n.º 7 não lhe marcou nenhum segmentos acima de 8.75. 

Shoma Uno segurou a medalha de prata com apenas 1.66pts de vantagem sobre o espanhol Javier Fernandez que ficou com a medalha de bronze. Foi um resultado final muito próximo e que dividiu as opiniões de alguns fãs. 
Javier Fernandez ficou em segundo lugar no programa curto com uma pontuação de 107.58pts. No passado Javier já conseguiu uma nota mais alta - nos mundiais de 2017, o espanhol conseguiu 109.05pts. Portanto, a nota obtida nos Jogos Olímpicos não ficou muito longe do seu melhor. O programa curto foi patinado ao som da banda-sonora do filme "Modern Times" de Charlie Chaplin, sendo a coreografia da responsabilidade do canadiano David Wilson. O primeiro elemento do esquema foi a combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop que recebeu 16.60pts depois de obter +2 de grau de execução positivo por parte de todos os juízes. O segundo elemento foi o quádruplo salchow que obteve uma maioria de +3 no grau de execução e ficou com 13.21pts. O peão vertical (3.50pts) de nível 4 não capitalizou tanto nos graus de execução como podia porque foi descentrado. O único salto colocado na segunda metade do esquema foi o triplo axel (11.78pts). Seguiram-se o peão em baixo com mudança de pé (4.29pts), a sequência de passos (5.80pts) e o peão de combinação com mudança de pé (4.71pts) que foram todos classificados com o nível 4. Quanto à segunda nota, as médias apuradas nos segmentos dos componentes foram muito boas com toda a justiça: 9.36 na perícia, 9.36 nas transições, 9.71 na performance, 9.68 na composição e 9.68 na interpretação da música. Javier recebeu nova notas de 10.00 na escala individual de cada juiz: um na perícia, três na performance, três na composição e dois na interpretação da música. 

Javier Fernandez - O campeão da simpatia

Se no programa curto correu praticamente tudo como planeado, o mesmo não se pode dizer do livre. O espanhol ficou com uma pontuação de 197.66pts que o colocou no quarto lugar nesta fase da competição. Javier entrou muito bem com a realização de um quádruplo toeloop que obteve 12.44pts. O segundo elemento do esquema foi uma combinação de quádruplo salchow+duplo toeloop. A recepção do quádruplo salchow não foi perfeita mas ele conseguiu fazer o segundo salto da combinação à mesma. Esta combinação ficou com 13.23pts graças aos graus de execução positivos que foram amealhados. Apenas o juiz chinês marcou -1 no grau de execução. Seguiu-se uma combinação de triplo axel+triplo toeloop (13.66pts) em que Javier não capitalizou tanto quanto podia nos graus de execução devido à recepção algo periclitante do segundo salto. Houve dois juízes que marcaram 0 no grau de execução desse elemento mas mesmo assim conseguiu grau de execução positivo embora mais baixo do que o esperado. O quarto elemento do programa foi a sequência coreográfica que contribuiu com 3.90pts para a nota técnica. Depois foi a vez do peão em baixo com mudança de pé que foi classificado com o nível 3 e ficou com 3.67pts. E depois... bem, depois aconteceu o erro crucial que o impediu de conquistar a medalha de prata. Javier tinha previsto realizar um quádruplo salchow já na segunda metade do esquema mas acabou por apenas efectuar um duplo. Esse duplo apenas recolheu 1.60pts. Seguiu-se o triplo loop (7.11pts) com uma recepção um pouco inclinada. Os saltos restantes correram bem: triplo axel (11.21pts), combinação de triplo flip+loop simples+triplo salchow (12.52pts) e triplo lutz (8.00pts). O peão camel com entrada saltada e mudança de pé atingiu o nível 4 mas a execução podia ter sido melhor. Este peão não foi bem centrado. Ao valor base de 3.50pts foram acrescentados 0.57pts devido a grau de execução positivo. A sequência de passos (5.90pts) foi excelente e cumpriu os critérios estabelecidos para o nível 4 com facilidade. O esquema terminou com um peão de combinação com mudança de pé de nível 3 que recebeu 4.21pts. Como médias nos segmentos dos componentes Javier obteve 9.46 na perícia, 9.43 nas transições, 9.64 na performance, 9.79 na composição e 9.75 na interpretação da música. Javier recebeu quatro notas de 10.00: dois na composição e dois na interpretação da música. Apenas fiquei intrigada com juiz n.º 7 por lhe ter marcado apenas 8.75 no segmento de transições. Na minha opinião Javier é o patinador que tem mais transições nos programas. E são transições difíceis. Para mim o correcto seria 9.50 ou 9.75. 
De resto não há muito a acrescentar quanto ao duelo entre Javier e Shoma. No que diz respeito ao livre, Shoma teve uma nota técnica de partida de 103.14 melhorada para 111.01pts enquanto Javier teve uma nota técnica de partida de 84.11pts melhorada para 101.52pts. Javier ficou à frente de Shoma na nota dos componentes mas a diferença na técnica serviu para catapultar o jovem japonês para o segundo lugar na classificação final. Embora eu prefira a coreografia de do programa livre de Javier, o resultado final acabou por ser justo.

O chinês Boyang Jin foi inicialmente apontado como tendo possibilidades de ficar no pódio muito por causa do facto de ter conquistado a medalha de bronze nas duas últimas edições dos campeonatos do mundo. Esta temporada ele sagrou-se campeão dos campeonatos dos 4 Continentes e isso serviu para reforçar a sua reputação internacional. O jovem chinês entrou na competição com o pé direito ao conquistar uma pontuação de 103.32pts que o colocou na luta por uma medalha. O primeiro elemento do esquema foi uma difícil combinação de quádruplo lutz+triplo toeloop que lhe rendeu 19.76pts. Conseguir uma pontuação dessas apenas num elemento é obra... Seguiu-se o quádruplo toeloop que recebeu 11.44pts mas dividiu o painel de juízes quanto ao grau de execução a aplicar. O juiz espanhol Daniel Delfa aplicou -1 mas Philippe Meriguet, Elizabeth Ryan e Weiguang Chen marcaram +2 no grau de execução. O terceiro elemento foi um peão camel com entrada saltada classificado com o nível 4 e que pontuou 3.99pts. Na segunda metade do programa foi realizado um triplo axel que obteve 11.49pts. O quinto elemento foi um peão em baixo com mudança de pé (3.79pts) e o sexto elemento foi um peão de combinação com mudança de pé (4.50pts) ambos classificados com o nível 4. O esquema foi encerrado com uma sequência de passos de nível 4 que pontuou 5.30pts. As médias apuradas nos segmentos dos componentes fixaram-se em 8.79 na perícia, 8.29 nas transições, 8.82 na performance, 8.54 na composição e 8.61 na interpretação da música. O juiz chinês entusiasmou-se um bocadinho e marcou 9.25 no segmentos de transições. No entanto, o restante painel marcou notas mais baixas nesse segmento nomeadamente duas notas de 7.75pts. O painel também esteve algo dividido quanto ao segmento de interpretação com dois juízes a marcarem notas superiores a 9.00 enquanto outros dois não foram além dos 7.75. 
Boyang Jin terminou o programa livre na quinta posição com uma nota total de 194.45pts. 
O plano de saltos foi ambicioso mas o programa não foi isento de erros. O primeiro elemento foi um quádruplo lutz que recebeu 15.31pts. Seguiram-se um quádruplo salchow (11.50pts) e uma combinação de triplo axel+loop simples+triplo salchow (14.83pts). Na mudança da primeira para a segunda metade do esquema, Jin realizou um peão camel com entrada saltada (3.70pts) que atingiu o nível 4 e a sequência coreográfica (3.40pts). Já na segunda metade do programa, este patinador efectuou um quádruplo toeloop isolado mas caiu na recepção. Esse elemento tem um valor base de 11.33pts a que foram retirados quatro pontos devido à aplicação de grau de execução negativo por parte de todos os juízes. Por causa da queda foi também aplicada uma dedução automática de um ponto. Ele manteve a concentração apesar de ter a consciência de que a medalha de bronze estava irremediavelmente perdida a partir daquele momento. Boyang ainda realizou uma combinação de quádruplo toeloop+duplo toeloop (13.33pts), um triplo axel (10.92pts), uma combinação de triplo lutz+triplo toeloop (11.83pts) e um triplo flip (6.73pts). Depois ele efectuou um peão em baixo com mudança de pé que cumpriu os critérios exigidos para o nível 4 e recebeu 3.64pts. A sequência de passos ficou-se pelo nível 2 e obteve 3.10pts. O programa terminou com um peão de combinação com mudança de pé (4.07pts) que foi classificado com o nível 4. Na segunda nota verificaram-se algumas discrepâncias entre os juízes. No segmento das transições as suas notas balizaram-se entre 7.50 e 9.25. No segmento de composição ele obteve notas entre 7.75 e 9.50. No final, as médias apuradas fixaram-se em 8.71 na perícia, 8.21 nas transições, 8.64 na performance, 8.68 na composição e 8.64 na interpretação da música. É de salientar que o juiz chinês não foi nada discreto a tentar inflacionar as notas de Boyang Jin tanto nos graus de execução como nos segmentos dos componentes.

O estado-unidense Nathan Chen terminou a competição na quinta posição depois de ter ficado em 17.º lugar no programa curto e ter vencido o livre. O público dos Estados Unidos depositou muitas esperanças neste atleta e a imprensa criou uma expectativa louca em redor de Nathan. A NBC promoveu Nathan à exaustão anunciando-o como o possível vencedor. Não sei se isso transtornou o atleta e afectou o seu sistema nervoso mas a realidade é que ele deitou tudo a perder no programa curto. O curto foi muitíssimo ambicioso: Nathan quis fazer uma combinação de quádruplo lutz+triplo toeloop na abertura do esquema e um quádruplo toeloop e um triplo axel na segunda metade. Nathan falhou a combinação e caiu na recepção do quádruplo lutz (9.60pts). O elemento teve de ser punido com grau de execução negativo e ainda houve lugar a uma dedução automática de um ponto. Tanto o quádruplo toeloop (8.70pts) como o triplo axel (6.35pts) também foram punidos com grau de execução negativo. Em termos de peões, ele realizou um peão em baixo com entrada saltada (3.24pts), um peão camel com mudança de pé (3.91pts) e um peão de combinação com mudança de pé (4.29pts) todos de nível 4. A sequência de passos também foi de nível 4 e obteve 5.30pts. Nos segmentos que compõem a segunda nota as médias obtidas por Nathan foram as seguintes: 8.46 na perícia, 8.32 nas transições, 8.14 na performance, 8.57 na composição e 8.39 na interpretação da música. 
Com toda a decepção no programa curto não se sabia o que esperar de Chen no livre. Mas ele voltou cheio de determinação e venceu o livre com uma pontuação de 215.08pts. Chen arriscou seis quádruplos no livre e isso permitiu-lhe recuperar muitas posições na classificação geral. Num arranque fulgurante o jovem estado-unidense realizou um quádruplo lutz (15.17pts), uma combinação de quádruplo flip+duplo toeloop (14.89pts) e um quádruplo flip isolado (10.07pts). O quádruplo flip foi punido com grau de execução negativo e perdeu 2.23pts do valor base de 12.30pts. Depois destes três elementos de salto, Chen efectuou um peão camel com mudança de pé (3.77pts) e uma sequência de passos (5.00pts) que foram classificados com o nível 4. Na segunda metade do esquema ele colocou uma combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop (17.63pts), um quádruplo toeloop (13.04pts), um quádruplo salchow (13.41pts), um triplo axel (10.35pts) e uma combinação de triplo flip+loop simples+triplo salchow (12.12pts). Seguiu-se a sequência coreográfica que recebeu 3.40pts. Os elementos finais foram um peão camel com entrada saltada em combinação e mudança de pé (4.43pts) e um peão de combinação com mudança de pé (4.36pts) ambos de nível 4. Nos segmentos dos componentes as médias apuradas fixaram-se em 8.82 na perícia, 8.32 nas transições, 9.04 na performance, 8.79 na composição e 8.75 na interpretação.
Após a competição, o treinador Rafael Arutyunyan concedeu uma entrevista ao rsport da Rússia onde proferiu algumas declarações curiosas. É que o treinador disse que Chen decidiu fazer mudanças no plano de saltos do programa curto sem lhe ter pedido autorização. A combinação prevista era de quádruplo flip+triplo toeloop mas Chen meteu na cabeça que tinha de fazer um quádruplo lutz. Aqui está o link para o artigo: https://rsport.ria.ru/winter2018_analytics/20180221/1133017291.html

Vincent Zhou foi uma agradável surpresa. O atleta de 17 anos terminou na sexta posição na classificação geral final após ter ficado em 12.º lugar no programa curto e em 6.º no livre. 
Vincent Zhou obteve uma pontuação de 84.53pts no programa curto, tendo cometido erros em todos os saltos. O elemento inicial foi uma combinação de quádruplo lutz+triplo toeloop (15.57pts). A terceira rotação no toeloop não foi efectivamente realizada pelo que o salto teve de ser considerado incompleto. A combinação foi punida com grau de execução negativo. Zhou também teve problemas no quádruplo flip que correspondeu ao segundo elemento. O flip perdeu 2.86pts do valor base de 12.30pts por causa da aplicação de grau de execução negativo. O triplo axel apresentado na segunda metade do esquema perdeu um ponto do valor base de 9.35pts. Os peões efectuados foram todos de nível 4. O peão camel com entrada saltada recebeu 3.70pts, o peão em baixo com mudança de pé ficou com 3.64pts e o peão de combinação com mudança de pé obteve 3.93pts. A sequência de passos foi de nível 3 e permitiu-lhe amealhar 3.87pts. Nos segmentos dos componentes as médias de Zhou foram de 7.39 na perícia, 6.96 nas transições, 7.11 na performance, 7.32 na composição e 7.25 na interpretação da música. O painel de juízes manifestou algum desacordo em vários momentos quer na atribuição de graus de execução como na marcação de notas nos segmentos dos componentes. No segmento de interpretação da música ele teve notas entre 6.75 e 8.00. 
No programa livre Zhou ficou com uma nota de 192.16pts. Houve três elementos de salto punidos com grau de execução negativo: o quádruplo flip (8.99pts), o quádruplo lutz (9.25pts) e o triplo axel (9.06pts). No flip, Zhou não definiu a entrada do salto de forma clara conforme mandam as regras e por isso o elemento teve de ser punido. Quanto ao lutz, a quarta rotação não foi realmente efectuada - faltou cerca de 1/4 de volta. A combinação de triplo axel+duplo toeloop efectuada na segunda metade do esquema ficou meramente com o valor base de 10.78pts. Os saltos que amealharam grau de execução positivo foram a combinação de quádruplo lutz+triplo toeloop (19.04pts), o quádruplo salchow (11.21pts), o quádruplo toeloop (12.47pts) e a combinação de triplo lutz+loop simples+triplo flip (13.68pts). A sequência de passos de nível 3 recebeu 3.80pts e a sequência coreográfica obteve 2.90pts. Os peões foram todos de nível 4 e totalizaram 11.06pts. As médias apuradas nos segmentos dos componentes foram as seguintes: 8.04 na perícia, 7.71 nas transições, 8.25 na performance, 7.96 na composição e 8.00 na interpretação da música. 

Dmitri Aliev terminou a competição na sétima posição final. O jovem russo nascido no ano de 1999 está a cumprir a sua primeira época no escalão sénior e pode estar contente com os seus resultados até agora. O vice-campeão europeu em 2018 não tinha grandes expectativas quanto a resultados nestes Jogos Olímpicos. Ele começou o programa curto com o pé direito ao conquistar uma pontuação de 98.98pts. Até ao momento esta é a sua melhor pontuação da carreira num programa curto. A boa prestação no curto colocou-o na quinta posição nessa fase da competição. No que diz respeito a saltos, Dmitri colocou uma combinação de quádruplo lutz+triplo toeloop (19.47pts) e um quádruplo toeloop (11.59pts) logo no início do programa. O triplo axel foi realizado na segunda metade do esquema e recebeu 10.35pts. Os peões alcançaram todos o nível 4 e totalizaram 11.48pts. A sequência de passos foi de nível 3 e obteve 4.09pts. Nos segmentos dos componentes, as médias com que Dmitri ficou foram de 8.43 na perícia, 8.11 nas transições, 8.50 na performance, 8.50 na composição e 8.46 na interpretação da música. O juiz n.º 7 entusiasmou-se um bocadinho no segmento de performance ao marcar a nota de 9.25. 
No programa livre Dmitri deixou afectar-se pelos nervos e aqui notou-se a falta de experiência nos grandes palcos internacionais. Ele cometeu dois erros cruciais ao cair na tentativa de quádruplo toeloop (6.30pts) e no triplo axel (5.50pts). Claro que estes elementos tiveram de ser severamente punidos em sede de grau de execução e que foram ainda aplicadas duas deduções automáticas num total de -2 pontos. Houve ainda um elemento que ficou meramente com o valor base: a combinação de duplo loop+loop simples+triplo salchow (7.37pts). O loop inicial dessa combinação deveria ter sido um triplo. Os saltos apresentados que obtiveram grau de execução positivo foram os seguintes: combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop (16.17pts), triplo lutz (7.10pts), combinação de triplo axel+duplo toeloop (11.64pts), triplo flip (6.53pts) e triplo loop isolado (6.31pts). Dos elementos cujo valor base depende do nível aplicado, a sequência de passos (4.80pts) e o peão de combinação com mudança de pé (4.00pts) cumpriram os requisitos exigidos para o nível 4. O peão camel com entrada saltada (3.44pts) e o peão em baixo com mudança de pé (3.03pts) foram de nível 3. A sequência coreográfica recebeu 3.20pts. As médias nos segmentos dos componentes foram sólidas e o painel de juízes foi praticamente unânime: 8.64 na perícia, 8.39 nas transições, 8.32 na performance, 8.61 na composição e 8.61 na interpretação da música. 
Ele podia ter capitalizado muito mais nos graus de execução de cada elemento mas esta será com certeza uma mais valia na sua carreira em termos de experiência. 

Ao contrário do seu compatriota Dmitri Aliev, Mikhail Kolyada desapontou. Mikhail ainda está no circuito internacional há pouco tempo mas já tem alguma bagagem, incluindo vitórias em provas do grande prémio e duas medalhas de bronze nos campeonatos da Europa. Ele tinha condições para lutar para uma classificação melhor dada a sua qualidade técnica mas o patinador acabou por se deixar levar pelos nervos. Nas imagens de bastidores que tive oportunidade de ver ele estava sempre com uma expressão que oscilava entre preocupado, triste e chateado. Talvez este problema de atitude seja a razão dos erros que cometidos durante a competição. 
No programa curto Mikhail Kolyada obteve uma pontuação de 86.69pts. O primeiro erro ocorreu logo no início do programa. Ele tinha previsto realizar um quádruplo lutz mas apenas efectuou um triplo (7.40pts). O segundo erro foi ainda mais gravoso: ele perdeu a combinação. Era suposto que a combinação consistisse num quádruplo toeloop com triplo toeloop. No entanto, Mikhail caiu no quádruplo toeloop (6.30pts) e, claro está, não foi possível completar a combinação. A queda fez com que fosse aplicada uma dedução automática de um ponto. Estes dois erros fizeram-no perder imensos pontos. O triplo axel colocado na segunda metade do esquema foi limpo e recebeu 11.49pts. A sequência de passos (5.60pts) e os peões (total de 13.05pts) foram classificados com o nível 4. Os erros e a atitude dele tiveram impacto nas notas dos componentes. As médias fixaram-se em 8.96 na perícia, 8.54 na transições, 8.64 na performance, 8.82 na composição e 8.89 na interpretação da música. Quatro juízes marcaram notas de 9.00 e 9.25 no segmento de performance mas não posso concordar com isso. Mikhail não deu vida a este programa como noutras ocasiões e por isso a não deveria ter tido notas dessas. A culpa não é dele mas sim desses juízes que foram algo condescendentes. No segmento de performance concordei mais com o juiz n.º 1 que marcou 7.75. 
No programa livre Mikhail Kolyada obteve uma pontuação de 177.56pts que o colocou na sétima posição. Foram quatro os elementos punidos com grau de execução negativo: o quádruplo lutz (9.83pts), combinação de triplo lutz+loop simples+triplo salchow (11.29pts), duplo loop (1.29pts) e no triplo axel (6.35pts). Todos estes erros custaram-lhe imensos pontos. Além disso, as quedas no quádruplo lutz e no triplo axel levaram à aplicação automática de deduções que lhe retiram dois pontos na nota técnica. Houve um outro erro que lhe custou imensos pontos - no triplo axel que estava planeado foi transformado num axel simples (1.24pts). Os saltos que foram realizados conforme estava previsto foram a combinação de quádruplo toeloop+triplo toeloop (16.17pts), a combinação de triplo axel+duplo toeloop (11.80pts) e o quádruplo toeloop isolado (12.19pts). Os peões (total de 12.56pts) e a sequência de passos (5.40pts) foram de nível 4. A sequência coreográfica ficou com 3.50pts. Nos segmentos dos componentes as médias apuradas fixaram-se em 9.00 na perícia, 8.64 nas transições, 8.68 na performance, 8.86 na composição e 8.79 na interpretação da música. Os três juízes que marcaram 9.00 no segmento de performance foram muito generosos...

Patrick Chan (Canadá) sagrou-se vice-campeão olímpico nos Jogos de Sochi em 2014 mas falhou o objectivo de conquistar o título olímpico em 2018. Não se pode dizer que tenha sido uma surpresa tendo em conta os problemas que ele foi apresentando durante a época. No entanto esperava-se mais do que o nono lugar na classificação geral final. 
Patrick obteve uma pontuação de 90.01pts no programa curto. O plano de saltos para este programa foi constituído por um quádruplo toeloop, uma combinação de triplo lutz+triplo toeloop e um triplo axel na segunda metade do esquema. O quádruplo toeloop foi o elemento inicial do programa e conseguiu 11.30pts apesar do painel de juízes ter manifestado discrepâncias na aplicação do grau de execução. A australiana Elizabeth Ryan aplicou +3 enquanto o espanhol Daniel Delfa marcou -1... Houve ainda três juízes a marcarem 0 e outros três a marcaram +2. O segundo elemento foi a combinação de triplo lutz+triplo toeloop que amealhou 11.70pts. O triplo axel correu mal e o patinador caiu na recepção. Para além da queda, a última rotação do axel não foi efectivamente completa. Isso resultou na aplicação de grau de execução negativo de -3 por parte de todos os juízes. O axel ficou apenas com 3.49pts. Por causa da queda foi aplicada uma dedução automática de um ponto. O peão camel com mudança de pé (4.27pts), o peão de combinação com mudança de pé (4.71pts) e a sequência de passos (5.80pts) cumpriram os requisitos exigidos para o nível 4. O peão em baixo com entrada saltada ficou-se pelo nível 3 e recebeu 3.81pts. As médias nos segmentos dos componentes foram muito boas: 9.36 na perícia, 9.07 nas transições, 9.00 na performance, 9.29 na composição e 9.21 na interpretação da música. 
No programa livre Patrick ficou com uma nota de 173.42pts. Nesta prestação houve dois elementos punidos com grau de execução negativo: o triplo toeloop (3.00pts) e o triplo axel (8.35pts). Aquele triplo toeloop era suposto ter sido um quádruplo portanto foi um elemento mesmo falhado para ele. Quanto ao loop, ele queria ter realizado um triplo mas apenas fez um duplo que lhe rendeu 2.11pts. Os saltos que obtiveram grau de execução positivo foram a combinação de quádruplo toeloop+duplo toeloop (13.60pts), combinação de triplo axel+loop simples+duplo salchow (11.30pts), combinação de triplo lutz+triplo toeloop (11.00pts), triplo flip (7.13pts) e um duplo axel (4.49pts). A sequência de passos de nível 4 obteve 4.40pts e a sequência coreográfica rendeu-lhe 3.60pts. Em termos de peões, o peão camel com mudança de pé (3.87pts) foi de nível 3 enquanto o peão em baixo com entrada saltada (4.07pts) e o peão de combinação com mudança de pé (4.64pts) foram de nível 4. Nos segmentos dos componentes as médias apuradas fixaram-se em 9.32 na perícia, 9.14 nas transições, 8.86 na performance, 9.29 na composição e 9.32 na interpretação da música. 

Denis Ten (Cazaquistão), medalhado de bronze nos Jogos de Sochi em 2014, desta vez não foi além do 27.º lugar no programa curto e como tal nem conseguiu qualificar-se para o livre. Foi um resultado muito desapontante para este patinador que tem sofrido imenso com lesões. Apesar de muito se ter especulado de que esta seria a sua última temporada competitiva, Denis já esclareceu que pretende continuar. 















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