sexta-feira, 23 de março de 2018

Mundiais 2018 - Pares

Campeonatos do Mundo 2018


Milão (Itália)




Categoria de Pares

Aljona Savchenko continua a sua senda de sucesso e não há ninguém da era moderna da patinagem que se lhe compare. Em 2018 ela conseguiu o sexto título mundial da sua carreira desta vez com a companhia de Bruno Massot. Esta é a 11.ª medalha conquistada por Aljona em campeonatos do mundo. Oito dessas medalhas resultaram da sua parceria com Robin Szolkowy (cinco ouros, duas pratas e um bronze). Quanto à parceria com Bruno Massot, eles já têm a coleccção completa: bronze em 2016, prata em 2017 e agora o ouro em 2018. Trata-se de um palmarés verdadeiramente impressionante. Além disso é preciso recuar aos anos 70 para encontrar alguém que tenha conseguido vencer títulos mundiais em mais do que uma parceria. Irina Rodnina havia sido a última a protagonizar uma situação dessas (primeiro foi campeã com Alexei Ulanov e depois com Alexander Zaitsev). 

Aljona Savchenko

Aljona e Bruno foram os grandes protagonistas desta categoria também por outros motivos. É que eles bateram os recordes do mundo no que diz respeito à nota mais alta de sempre num programa livre e do total combinado (curto+livre). O recorde de total combinado era detido por Tatiana Volosozhar & Maxim Trankov (Rússia) desde 2013.

O programa curto de Aljona e Bruno foi recompensado com 82.98pts. Eles iniciaram o esquema com um triplo twist de nível 4 que foi gigante e conquistou 8.70pts. O triplo salchow lado-a-lado saiu muito bem e permitiu-lhes amealhar 5.90pts. No triplo flip lançado (6.40pts), a recepção do salto não foi propriamente a mais elegante. No entanto, apenas o juiz n.º 2 e o juiz n.º 7 marcaram 0 no grau de execução. O grau 0 significa que a execução foi apenas mediana e que o elemento apenas deve ficar com o valor base. O juiz n.º 5 entusiasmou-se e marcou +3 e não devia ter feito isso. A figura de elevação (6.00pts) foi dinâmica e espectacular tendo facilmente cumprido com os critérios exigidos para o nível 4. Seguiu-se a sequência de passos de nível 4 que recebeu 6.00pts, tendo todos os juízes marcado +3 no grau de execução. Depois foi a vez da espiral da morte que também atingiu o nível 4 e obteve 5.50pts. O par passou rapidamente da espiral para o peão de par que recebeu 5.64pts e conseguiu o nível 4. As notas nos segmentos dos componentes foram excelentes com toda a justiça. Eles receberam duas notas de 10.00 na performance, duas notas de 10.00 na composição e três notas de 10.00 na interpretação da música. As médias dos segmentos foram estabelecidas em 9.61 na perícia, 9.61 nas transições, 9.75 na performance, 9.79 na composição e 9.79 na interpretação da música. 

No programa livre Aljona e Bruno conseguiram uma nota de 162.86pts. O elemento inicial foi um triplo twist de nível 4 que mais uma vez foi gigante. No momento de apanhar Aljona, Bruno usou o ombro para dar uma ajudinha a parar a velocidade de modo a colocar a patinadora no gelo em segurança e com elegância. Não é suposto que o elemento masculino do par use o ombro nessas circunstâncias. Mas como todos os outros critérios para aplicação do grau de execução +3 não há nada a reclamar. De facto todos os juízes marcaram +3 no grau de execução e o elemento obteve 8.70pts, ou seja, a nota máxima possível para um triplo twist de nível 4. O triplo flip lançado (7.40pts) foi o segundo elemento do esquema. Aljona tem uma força tremenda porque conseguir fazer uma boa recepção depois de um lançamento com toda aquela força e potência é de fazer cair o queixo. Depois foi a vez da combinação de saltos lado-a-lado que consistiu em triplo salchow+duplo toeloop+duplo toeloop (9.10pts). O triplo toeloop lado-a-lado também foi impecável e obteve 6.10pts. O elemento seguinte foi o triplo salchow lançado que pontuou 6.20pts. A recepção de Aljona foi lenta e a perna livre estava "pesada" por isso o elemento não devia ter conseguido +3 no grau de execução por parte de alguns juízes. Apenas o juiz n.º 5 marcou +1 no grau de execução desse elemento. Apesar deste pormenor isto acabou por não fazer qualquer diferença na classificação final portanto não é problemático. O sexto elemento correspondeu à primeira figura de elevação que atingiu o nível 4 com facilidade e pontuou 9.60pts. Seguiu-se a segunda figura de elevação que foi verdadeiramente fabulosa. Também ela conseguiu o nível 4 e contribuiu com 6.00pts para a nota técnica. O peão em paralelo correu bem, tendo obtido 4.79pts e o nível 4. O peão de par de nível 4 foi excelente e ficou com 5.71pts. A sequência coreográfica amealhou 4.10pts. A espiral da morte exterior para trás de nível 4 foi realizada com muita correcção e conseguiu 6.60pts. O último elemento foi uma figura de elevação de nível 4 e que obteve 9.60pts. No que diz respeito às notas nos segmentos dos componentes que fazem parte da segunda nota, este par conquistou 22 notas de 10.00!!!!! Nos segmentos de performance e de interpretação da música as médias apuradas resultaram em 10.00. Isso foi fantástico. Não é nada comum haver programas em que praticamente todos os juízes tenham marcado 10.00 no mesmo segmento. No segmento de performance apenas o juiz n.º 6 é que não marcou 10.00, tendo optado por 9.75. No segmento de perícia a média obtida foi de 9.75, no de transições foi de 9.71 e no de composição foi de 9.89. Este programa livre é uma pérola em que tudo se encaixa na perfeição. A mistura entre a enorme amplitude dos elementos com a delicadeza da coreografia em total comunhão com a música criou uma atmosfera muito especial. Sem dúvida que este programa ficará na história da patinagem artística. Um exemplo de capacidade atlética e arte no seu esplendor. 

Bruno Massot incrédulo quando percebeu que tinham dizimado o recorde do mundo para nota mais alta de sempre no total combinado

Evgenia Tarasova & Vladimir Morozov da Rússia arrecadaram a medalha de prata com um total de 225.53pts, tendo ficado com cerca de menos dois pontos do que a sua melhor marca da carreira. Os bicampeões da Europa conseguiram assim a sua melhor classificação em campeonatos do mundo até ao momento. Na temporada passada eles ficaram com a medalha de bronze.

Evgenia Tarasova & Vladimir Morozov antes do início do programa curto

Evgenia e Vladimir patinaram um excelente programa curto que evidenciou a pureza da sua técnica base e pontuou 81.29pts. O elemento inicial do esquema foi um triplo twist (8.70pts) de nível 4 efectuado com leveza e correcção. Seguiu-se o triplo toeloop lado-a-lado que obteve 5.90pts. Depois foi a vez do triplo loop lançado (7.10pts) que deu nas vistas pela altura e extensão. A posição de Vladimir durante o lançamento foi extraordinária. A espiral da morte atingiu o nível 4 e ficou com 5.00pts. O peão de nível 4 recebeu 5.57pts. Eu gostei bastante da ligação coreográfica e das transições entre a espiral da morte e o peão. O elemento seguinte foi a figura de elevação (5.79pts) e o esquema terminou com a sequência de passos (5.60pts) ambos de nível 4. As médias nos segmentos dos componentes foram excelentes e fixaram-se em 9.46 na perícia, 9.25 nas transições, 9.54 na performance, 9.46 na composição e 9.32 na interpretação da música. Na escala individual de cada juiz, este par conseguiu duas notas de 10.00: um na composição e outro na interpretação da música.


Evgenia Tarasova & Vladimir Morozov durante o programa livre

Evgenia e Vladimir cometeram alguns erros no programa livre e por isso não conseguiram tantos pontos como estavam à espera. A sua nota no livre foi de 144.24pts. Eles arriscaram um quádruplo twist de nível 3 logo no início. Esse elemento recebeu 9.74pts mas a aplicação do grau de execução não foi algo pacífico no painel de juízes. Dois juízes marcaram 0 enquanto o juiz n.º 3 marcou +3. Eu penso que o twist foi razoavelmente executado mas não chegou para +3 por causa da forma como o patinador apanhou a parceira. Além a quarta rotação foi concluída já no limite. O segundo elemento era suposto ter sido um triplo salchow lado-a-lado  (0.96pts) mas Vladimir apenas realizou um salto duplo. Isso fez com que o salchow só pudesse ser cotado como duplo fazendo-os perder pontos no valor base. Além disso teve de ser aplicado grau de execução negativo. Depois foi a vez de um triplo salchow lançado que obteve 6.50pts. Na combinação de saltos lado-a-lado eles pretendiam realizar um triplo toeloop com duplo toeloop e duplo toeloop. Mas Vladimir não completou a combinação, tendo o elemento sido cotado como triplo toeloop+duplo toeloop (4.60pts). A combinação também foi punida com grau de execução negativo. O quinto elemento foi uma figura de elevação de nível 4 que obteve 8.90pts. A espiral da morte exterior para trás foi de nível 3 e pontuou 5.30pts. Eles podiam ter feito melhor na espiral porque a posição da patinadora estava um pouco alta em relação à linha do joelho do patinador. O peão lado-a-lado em combinação também atingiu o nível 4 e conseguiu 4.57pts. A sequência coreográfica foi realizada logo de seguida e amealhou 3.50pts. No triplo loop lançado ficou com 6.10pts mas penso que o grau de execução devia ter sido mais baixo porque ela tocou com o pé livre no gelo na recepção. Foi um toque ligeiro mas aconteceu. A segunda figura de elevação foi impressionante e conquistou facilmente o nível 4 e 9.20pts. O elemento n.º 11 foi outra figura de elevação que foi classificada com o nível 4 e obteve 5.50pts. O esquema terminou com o peão de par de nível 4 que ficou com 5.43pts. Os erros cometidos por Vladimir nos saltos lado-a-lado prejudicaram a pontuação final mas mesmo que ele tivesse feito tudo bem não teria sido suficiente para chegar à medalha de ouro. Na segunda nota, as médias apuradas nos segmentos dos componentes foram de 9.39 na perícia, 9.11 nas transições, 9.14 na performance, 9.36 na composição e 9.21 na interpretação da música. 
Este programa livre foi bastante criticado durante toda a temporada por causa das letras das músicas escolhidas. A internet não perdoou versos como "panties drop" e "voulez vous couchez avec moi". Eu acho essas criticas exageradas. Estamos em 2018 e estas músicas são super conhecidas. Achar que isto é escandaloso parece demais. Além disso a coreografia é gira e tem muitos pequenos pormenores que enriquecem e valorizam o esquema. Na interpretação do tema não vi nada que possa ser considerado inapropriado. Dito isto confesso que acho que o estilo que eles mostraram no programa curto os favorece mais. 

Há 18 anos que a França não conseguia ficar no pódio em campeonatos do mundo. Sarah Abitbol & Stephane Bernadis ficaram com a medalha de bronze nos mundiais da temporada 1999/2000 e os franceses demoraram a encontrar-lhe sucessores. Vanessa James & Morgan Cipres quebraram esse enguiço e concluíram a sua temporada com este excelente resultado. Vanessa e Morgan conquistaram a medalha de bronze com um total de 218.36pts. 

Vanessa James & Morgan Ciprés

No programa curto Vanessa e Morgan ficaram em terceiro lugar com uma nota de 75.32pts. O primeiro elemento foi um triplo twist de nível 4 que obteve 8.40pts.  Este tipo de elemento costumava dar-lhe problemas. É notável ver a evolução que este par teve no twist. O trabalho árduo para corrigir as imperfeições está claramente a dar frutos. O segundo elemento foi o triplo salchow lado-a-lado que teve de ser punido com grau de execução negativo porque Vanessa fez uma má recepção. Ela ficou numa curva muito fechada e não conseguiu segurar a posição de saída, tendo-se desequilibrado. O salchow perdeu 1.40pts do valor base de 4.40pts. Depois foi a vez da figura de elevação de nível 4 que conseguiu 5.79pts. Seguiu-se o triplo flip lançado (5.80pts) que podia perfeitamente ter sido penalizado com -1 no grau de execução. É que Vanessa tocou com o pé livre no gelo no momento da recepção do salto. No entanto, seis juízes marcaram 0 no grau de execução mas o juiz n.º 1 atribuiu +2 e o juiz n.º 5 marcou +1. A espiral da morte interior para a frente foi de nível 4 e amealhou 5.00pts. A posição de Vanessa na espiral foi mesmo muito boa. A sequência de passos de nível 4 ficou com 5.60pts. O último elemento foi o peão que atingiu o nível 4 e obteve 5.64pts. Nos segmentos dos componentes que compõem a segunda nota, as médias fixaram-se em 9.04 na perícia, 9.00 nas transições, 8.96 na performance, 9.11 na composição e 9.00 na interpretação da música. Confesso que fiquei um bocadinho perplexa com o facto do segmento de performance ter tido uma média inferior à de perícia. Nos componentes, o segmento de performance é aquele em que este par é mais forte. Mas na perícia ainda têm muito trabalho para fazer - são muito bons mas ainda falta afinar pormenores para ficarem com pelo menos 9.00.



No programa livre Vanessa e Morgan ficaram com uma nota de 143.04pts que os colocou na terceira posição. Este programa patinado ao som de "The Sound of Silence" na versão dos Disturbed é um dos mais populares e tem recebido atenção de vários órgãos de comunicação social que habitualmente não publicam nada sobre patinagem artística. Vários sítios como o Metal Injection e o Metal Sucks deram-lhe destaque por causa da música e isso fez com que alguns vídeos deste programa acumulassem milhões de visualizações no youtube. Apesar de ser um programa que eles já haviam usado na temporada passada, a verdade é que o encanto mantem-se. O triplo twist de nível 4 foi o elemento inicial e pontuou 8.30pts. Ela picou o salto com muita força e até se viram os fragmentos de gelo que se levantaram nesse momento. Mesmo assim houve quatro juízes que marcaram +3 no valor base. Apenas um juiz marcou +1. Não concordo com o +3 mas o elemento mereceu grau de execução positivo. O segundo elemento foi a combinação de saltos lado-a-lado que consistiu num triplo toeloop+duplo toeloop+duplo toeloop (8.60pts). O erro mais grave do esquema ocorreu no triplo salchow lançado (2.40pts). É que Vanessa caiu com estrondo na recepção do salchow lançado e o elemento teve de ser punido com grau de execução negativo. O juiz n.º 3 apenas marcou -2 no grau de execução quando as regras são claras quando ditam que em caso de quedas destas tem de ser aplicado o -3. Para além do grau de execução negativo foi ainda aplicada uma dedução automática de um ponto pela queda. O elemento seguinte foi a primeira figura de elevação (8.60pts) que preencheu as exigências do nível 4 com facilidade. Depois foi a vez do triplo salchow lado-a-lado que obteve 4.90pts. O peão de par de nível 4 obteve 5.50pts e foi seguido pela sequência coreográfica (3.70pts). Seguiu-se a segunda figura de elevação de nível 4 que foi muito boa e obteve 9.10pts. O nono elemento foi o triplo flip lançado (6.70pts). A espiral da morte interior para trás foi meramente de nível 2 e obteve 3.80pts. Eu penso que a transição antes da entrada do elemento prejudicou o nível e a execução do elemento até porque os fez perder velocidade. O peão lado-a-lado foi de nível 3 e recebeu 3.93pts. O esquema foi finalizado com uma figura de elevação de nível 4 que amealhou 5.71pts. Na segunda nota, as médias nos segmentos dos componentes foram as seguintes: 9.14 na perícia, 9.00 nas transições, 9.00 na performance, 9.25 na composição e 9.11 na interpretação da música. Aqui aconteceu o mesmo que no programa curto no que diz respeito à perícia e à performance. O juiz n.º 9 marcou 8.75 na performance e 9.00 na perícia... O juiz n.º 7 escolheu 8.75 na perícia e esta nota parece-me mais ajustada para este segmento. Mesmo com estas pequenas variantes, isto não teve impacto no resultado final. Vanessa e Morgan ficaram no pódio com toda a justiça. 

Natalia Zabiiako & Alexander Enbert da Rússia continuam as afirmar-se no panorama internacional mas tem-no feito de forma progressiva. Esta foi a sua melhor temporada até agora: medalha de bronze nos campeonatos da Europa, três medalhas de ouro em provas do circuito Challenger Series e agora o quarto lugar nos mundiais. Além disso fizeram parte da equipa olímpica que conquistou a medalha de prata na competição por equipas em PeyongChang. 

Natalia Zabiiako & Alexander Enbert
Natalia e Alexander terminaram o programa curto na quarta posição depois de obterem uma pontuação de 74.38pts. O elemento inicial do esquema foi um bom triplo twist de nível 3 que conseguiu 7.30pts. De forma algo inexplicável o juiz n.º 4 marcou -1 no grau de execução! Em contraste, os juízes n.º 5 e n.º 8 marcaram +3. Eu concordo com os juízes que optaram pelo +2. O segundo elemento foi o triplo toeloop lado-a-lado (4.00pts) que foi penalizado com grau de execução negativo pois Natalia realizou uma saída imperfeita. O triplo loop lançado foi excelente e pontuou 6.80pts. A figura de elevação  (5.50pts) de nível 4 foi muito bem definida e o trabalho de pés de Alexander foi impecável e muito suave. A espiral da morte foi muito bem executada e atingiu o nível 4 com facilidade. Destaca-se a posição de Natalia sendo que na última volta a cabeça dela estava bem perto do pé livre de Alexander. A sequência de passos obteve 5.20pts e o peão ficou com 5.43pts, tendo ambos atingido o nível 4. No que diz respeito à segunda nota, as médias nos segmentos dos componentes fixaram-se em 8.96 na perícia, 8.57 nas transições, 8.96 na performance, 8.86 na composição e 8.82 na interpretação da música. Eu gostei bastante da escolha da música porque se adequa à suavidade e delicadeza da sua patinagem. 


No programa livre este par conseguiu uma nota de 133.50pts que o colocou na sexta posição nessa fase da competição. Eles podiam ter conseguido uma nota melhor mas cometeram alguns erros. O programa começou bem com um triplo twist de nível 3 que recebeu 7.10pts. A combinação de triplo toeloop+duplo toeloop+duplo loop não correu como planeado pois Alexander apenas realizou um loop simples. Além disso Alexander afastou-se muito de Natalia durante a realização da combinação. Em consequência os juízes tiveram que marcar grau de execução negativo e a combinação perdeu 1.30 do valor base de 6.10pts. Alexander também cometeu diversos erros no triplo salchow lado-a-lado. O patinador não deu impulso suficiente para conseguir realizar as três rotações que se exigiam. Em resultado faltou cerca de 1/4 de volta na terceira rotação e ele tocou com o pé livre na pista no momento da recepção. Foram então subtraídos 1.80pts ao valor base de 3.10pts deste elemento. O triplo flip lançado foi maravilhoso e conseguiu 6.80pts. A primeira figura de elevação atingiu o nível 4 e ficou com 5.43pts. O peão de par em combinação e com entrada saltada (4.14pts) até correu bem mas a sincronia podia ter sido melhor quando eles estava na posição camel. Seguiu-se o triplo loop lançado (4.30pts) que teve de ser punido com grau de execução negativo pois Natalia recorreu à serrilha do patim do pé de apoio na recepção para se equilibrar e colocou as mãos na pista. A espiral da morte foi meramente de nível 2 e obteve 4.20pts. O juiz n.º 1 marcou -1 no grau de execução mas isso parece-me descabido. Depois da espiral da morte foi a vez da sequência coreográfica onde eles exibiram linhas puras e que lhes rendeu 3.30pts. Seguidamente eles realizaram duas figuras de elevação do grupo 5 que atingiram o nível 4 (8.80pts + 8.90pts). O elemento final foi o peão de par de nível 4 contribuiu com 5.00pts para a nota técnica. Nos segmentos que fazem parte da segunda nota, este par conseguiu médias de 8.75 na perícia, 8.64 nas transições, 8.54 na performance, 8.79 na composição e 8.68 na interpretação da música.

Escrever sobre a categoria de pares nos campeonatos do mundo implica falar nos atletas chineses. O melhor par chinês da actualidade é Wenjing Sui & Cong Han não compareceu nos mundiais 2018 para defender o título conquistado na temporada passada. Wenjing encontra-se a recuperar de uma lesão e por isso foi necessário desistir desta competição. Por esse motivo a China apresentou-se apenas com dois pares: Xiaoyu Yu & Hao Zhang e Cheng Peng & Yang Jin. Yu & Zhang terminaram na 7.ª posição enquanto Peng & Jin ficaram em 9.º lugar. Esta conjugação de resultados implica que nos mundiais de 2019 a China apenas tenha direito a duas inscrições nesta categoria. O objectivo de manter a hipótese de três inscrições foi falhado. Peng & Jin pareciam galvanizados depois da desilusão nos Jogos Olímpicos 2018 onde nem se qualificaram para o programa livre. Nos mundiais 2018 Peng & Jin terminaram o programa curto na sexta posição e matematicamente estavam na luta pela medalha de bronze. No entanto eles deitaram tudo a perder com os erros cometidos no programa livre. 

Peng & Jin continuam a mostrar problemas nos saltos lado-a-lado


Os fãs italianos têm razões para ficar orgulhosos da participação de Nicole Della Monica & Matteo Guarise e Valentina Marchei & Ondrej Hotarek.
Della Monica & Guarise nunca tinham conseguido alcançar o top 10 em campeonatos do mundo. Na temporada passada eles tiveram de contentar-se com a 13.ª posição. Desta vez eles conseguiram o 5.º lugar com todo o mérito. 

Nicole Della Monica & Matteo Guarise

Valentina e Ondrej acabaram os mundiais na 10.ª posição mas de certeza que vão ficar no coração de muita gente. É que apesar de algumas deficiências técnicas, os seus programas são espectaculares no que diz respeito à performance, composição e interpretação da música. Eles projectam alegria e intensidade e conseguem colocar um sorriso nos lábios dos espectadores. Mesmo com erros dá vontade de rever o seu programa livre vezes sem conta. 

Valentina Marchei & Ondrej Hotarek

O par Alexa Scimeca-Knierim & Chris Knierim viveu um pesadelo no programa livre e terminou na 15.ª posição. Eles tinham uma enorme pressão em cima dos ombros depois dos seus compatriotas Deanna Stellato & Nathan Bartholomay falharam a qualificação para o livre. É que havia a objectivo de ficar pelo menos na 12.ª posição para segurar duas inscrições para pares dos Estados Unidos nos mundiais 2019. Assim sendo, os Estados Unidos apenas poderão indicar um par nos mundiais da próxima temporada. Depois da competição de pares ter terminado, este par envolveu-se numa guerra de palavras no Twitter com o jornalista Phil Hersh. Este jornalista respondeu a um tweet sobre a competição de pares dando a entender que nem valia a pena os Estados Unidos enviarem um par pois não têm ninguém de jeito. Já não é a primeira vez que ele é muito duro publicamente com os pares dos Estados Unidos. Ora Alexa decidiu responder-lhe à letra e Chris fez o mesmo. Independentemente de resultados todos os que conseguiam a qualificação devem poder competir. Toda a gente sabe que só há três medalhas mas isso não significa que os outros sejam inúteis. Alexa e Chris têm feito um trabalho incrível para manter esta disciplina relevante nos Estados Unidos e não mereciam estas críticas tão causticas. É verdade que Alexa teve um dia mau no programa livre mas isso pode acontecer a qualquer atleta. 

Alexa Scimeca-Knierim & Chris Knierim

Menção honrosa para o par Duskova & Bidar (Rep. Checa) que terminou na 11.ª posição. Estes jovens, campeões mundiais no escalão júnior em 2016, tiveram uma temporada atribulada devido a uma lesão grave sofrida pela patinadora. Ela fez um esforço tremendo para recuperar a tempo de participar nos Jogos Olímpicos e nos mundiais e conseguiu. Memorizem estes nomes pois este par tem um potencial enorme. 

Anna Duskova & Martin Bidar








































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